segunda-feira, 1 de julho de 2013

"Era dia quando acordei, tremendo de frio e com muita febre. O pajé, ao meu lado, fazendo suas orações e convidando nossos antepassados com a autorização de Tupã. Eu não podia ver direito o seu rosto, pois a luz de uns poucos raios que invadiam a oca e a amerê (fumaça) emanada pelo seu cachimbo faziam-me confundir com várias pessoas que habitavam a aldeia e outros que já haviam partido. 
Ouvi alguns murmúrios:
- Abaçaí! Abaçaí! Abaçaí! (Espírito Maligno)
Então, o pajé me perguntou se eu tinha fé. Prontamente, respondi que sim, mas intimamente não sabia exatamente o que era fé. Talvez fosse simplesmente crer. 
Como se lesse meus pensamentos, o pajé me disse que não era simplesmente crer, tampouco necessitava ver para crer. Havia um meio termo que minha pouca sabedoria de dez anos de idade haveria de assimilar. Então, ele me disse para fechar os olhos e imaginar tudo ao meu redor e eu pude ver toda a aldeia: as crianças no rio, as mulheres cozinhando o beijú, as aracemas batendo em revoada e os homens saindo à caça. Então, ele me perguntou sobre o que eu via. Relatei, detalhadamente. Foi quando ele me disse que fé era sentir para crer e que, quanto mais evoluído se tornasse o meu espírito, mais possibilidade eu teria de sentir e ter fé. 
No momento que pude entender o que é a fé, abaçaí se afastou instantaneamente e o pajé encerrou a pajelança, dizendo que eu já era um baquara (sabedor das coisas).
O que lhes posso passar com o meu aprendizado é que a fé é essencial "sentir pra crer". A crença pura e simples deixa a criatura vulnerável a todas as afirmativas, nem sempre verdadeiras e muitas vezes capazes  de levar ao fanatismo. Por outro lado, o indivíduo que se posta numa posição irredutível de acreditar somente naquilo que lhe é provado deixa de viver experiências verdadeiras que a todo momento conspiram para sua evolução. Por essa razão, deve-se "ouvir o coração", abrir o canal de percepção, liberando a nossa razão para buscar argumentos também em nossa sensibilidade.
Há inúmeras formas do universo contribuir para nossa evolução. Para percebê-las, temos que sintonizar nossa vibração essas energias. Para se beneficiar dos "bons fluídos energéticos", temos que vibrar nessa busca. Esse exercício constante nos leva, paulatinamente, ao encontro das respostas. 
A fé me trouxe a segurança de que existe algo mais além da limitada visão de um espírito em evolução."

Mensagem do Caboclo Sete Montanhas,
canalizada pelo medium Luiz Crivelari




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